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“POST FUNK”: a Importância do Funk e Black Music no Post-Punk, New Wave e No Wave

Para começar você pode entrar no clima você pode ouvir os álbuns “Headhunters” (1973) do Herbie Hancock, ou "Press Color" (1979) da Lizzy Mercier Descloux, ou ouça abaixo uma playlist que montamos no Spotify com muitos dos artistas post punk/new wave/no wave que citamos aqui, influenciadas pelo funk e black music em geral: Ouça aqui a Playlist “Post-Funk”


O fato é que sem a Black Music (funk, soul, jazz, etc), a new wave, a no wave e o post-punk não teriam existido. Ou pelo menos não como os conhecemos.


Em 1977, John Lydon buscou romper com o personagem que havia sido criado para ele pelo empresário Malcolm McLaren e pela mídia jornalística: em 16 de Julho de 1977 John foi ao um programa da Rádio Capital e fez um set de músicas que eram seu repertório de formação musical (ouça nos links no final do texto) . Isso foi só um sinal e sintoma: muitos outros artistas estavam no mesmo processo, de dar continuidade ao processo criativo musical que vinha desde o final dos anos 1960, fugindo da camisa de força dos 3 acordes, das letras literais e da pose anti-intelectualista. Como ele, a maioria dos nomes importantes do post-punk/new wave tiveram uma formação musical nas vanguardas musicais entre 1965 e 1975 (ou antes), ou emergiram das escolas de arte inglesas tentando aplicar à música uma série de conceitos sofisticados.


Naquele mesmo ano John Lydon também procurou integrantes da banda de krautrock Can para ser seu vocalista. Lydon não conseguiu seu intento, mas logo depois fundou sua própria banda com influência reggae/dub, funk, krautrock e outros experimentalismos: o PIL. (Leia sobre a importância do Krautrock aqui e aqui). A banda Wire também lança na época seu incrível álbum "Pink Flag" de 1977. É importante lembrar que também o funk dos anos 70 estava em ebulição, com álbuns como “Head Hunters” (1973) de Herbie Hancock sintetizando o baixo e fazendo um crossover funk/jazz/eletrônica (6), além dos trabalhos do Parliament e Funkadelik (como o álbum “Maggot Brain” de 1973, e outros da época).


Também artistas PIL, Bowie, Eno, Talking Heads, Lizzy Mercier Descloux, A Certain Ratio, Gang Of Four, The Pop Group, Orange Juice (lembra do Edwyn Collins?), 23 Skidoo, James Chance & The Contortions, e mesmo grupos industriais e experimentais como Cabaret Voltaire, DAF e Chris & Cosey, entre outros captaram, e ouvimos muito isso no futuro... dos anos 80.


Brian Eno, (ao lado de Connny Plank do Can, Kraftwerk e outros krautrockers, e Martin Hannet do Joy Division) um dos produtores musicais e artistas mais importante dos anos 70, comentou: “Houve três grandes batidas nos anos 70: o afrobeat de Fela Kuti, o funk de James Brown e a batida do Neu! De Klaus Dinger”. A mistura dessas batidas e seus derivados forjou a música dos anos 80.


Também no Brasil, com um pouco de atraso, a cena Não Wave (ouça a coletânea brasileira Não Wave 1982-1988 aqui) espelhava a ousadia musical da cena No Wave nova-iorquina e de todas as demais influência e artistas que citamos aqui.


Post-Punk ou New Wave e No-Wave continuaram uma evolução musical “impura” que vinha desde o final dos anos 60, juntando estilos. Esqueça o mito de que “os anos 70 eram um grande deserto de criatividade musical habitado apenas por artistas decadentes e sem criatividade, então surgiu o punk e renovou a música, dando origem a novos estilos”. Bem, aqui “mito” é apenas uma palavra gentil para “mentira”. Nada mais longe da realidade: o período desde o final dos anos 1960 até o final dos anos 1970 foi uma era de grande ebulição criativa e tecnológica em vários gêneros musicais, e toda essa renovação desaguou em grade quantidade de misturas geniais na virada para os anos 80.


Também o conceito de “qualquer um pode fazer música” começou muito antes. Muitos já punham isso em prática antes de 1975 e surgiu, como disse Richard H. Kirk do Cabaret Voltaire, “apenas lendo Eno (1) em entrevistas falando sobre como alguém pode fazer música porque você não precisa aprender um instrumento, você pode usar um gravador ou sintetizador.”(2). A história do minimalismo começa muito antes, nos anos 50 e 60...


mas isso já é outro capítulo da nossa história.

Curiosidade histórica:

Johnny Rotten Show - The Punk and his Music. Capital Radio – Julho de 1977:

(1) Brian Eno entra em evidência no começo dos anos 1970, no Roxy music, mas parte logo em carreira solo e como produtor trabalha com Nico, krautrockers do Harmonia, David Bowie, Talking Heads e muitos outros.

(2) Reynolds, Simon. Rip it Up and Start Again: Postpunk 1978-1984.

Outras citações tem a mesma bibliografia dos demais artigos linkados na página.


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