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EVOLUÇÃO: dois conceitos divergentes


Quando você diz, pensa ou escreve “evolução”, em que você está pensando?

Pinguins e zebras não podem ter filhotes, mas duas línguas ou duas subculturas podem gerar novos sistemas ou se misturar.

Imagine uma zebra que decide que vai ter características pontuais de pterodáctilo, mamute e de dodôs... isso é possível na evolução cultural, mas jamais na biológica.

Evolução: a cultura é mais suruba que a natureza. Ou natureza é mais careta que a cultura?

Muitas vezes nos matamos em discussões sem fim sobre “evolução” apenas porque usamos essa palavra como sinônimo de duas ideias que são, em grade parte, opostas. Ou que, no mínimo, não se aplicam a todas as áreas de pensamento.

Resumindo, o processo de evolução biológica é um infinito processo de separação (especiação) sem possibilidade de recombinação...

por outro lado, o processo de evolução cultural é um infinito processo de especialização, recombinação e mistura de elementos.

Vejamos algumas diferenças entre EVOLUÇÃO BIOLÓGICA X EVOLUÇÃO NA CULTURA:

Transmissão e Tempo:

Na evolução biológica, as características são transmitidas apenas diretamente de uma geração para a próxima (seguinte, diretamente posterior no tempo). Já na evolução cultural, as características podem ser transmitidas entre indivíduos contemporâneos, mas a derivação pode também ser afastados no tempo (ver retroatividade abaixo) ou “pulando” um período de tempo. Pode também se ramificar no passado, seletivamente. Combinação: A especiação, ou a evolução biológica, é um processo de separação e de distinção progressivos, não havendo possibilidade de recombinação. A evolução cultural é um processo em que as linhas se recruzam, e recombinam a qualquer momento, gerando novos sistemas, em um processo sem fim.

Consciência e Escolha: Na evolução biológica não há consciência ou escolha: todos os elementos são herdados, em um processo determinista. Em sistemas culturais, o indivíduo pode escolher não aceitar certos traços, e escolher outros de outros lugares ou épocas, do presente ou passado. Novos sistemas culturais podem ser construídos a partir de vários elementos soltos de outros sistemas, permitindo um acúmulo de inovações, como vemos em culturas, subculturas ou variantes linguísticas. Retroatividade: Uma espécie animal não pode voltar no tempo e selecionar elementos de espécies ancestrais diferentes ou extintas apenas porque estes elementos combinariam com seu novo desenvolvimento. Nas línguas, culturas e subculturas, porém, isso é possível e comum.

Ritmo: Evolução biológica demora gerações para se consolidar. Evolução cultural pode acontecer rapidamente, como uma ruptura.

Por isso tudo, aplicar conceitos da evolução biológica em sistemas culturais simplesmente é destruir os elementos que fazem as culturas serem culturas, surgir e evoluir.

Aplicar o conceito de evolução biológica em áreas da cultura é totalmente inadequado e errado.

Assim seria sempre bom usar o termo “evolução” dos complementos “cultural” ou “biológica”... pois significam coisas MUITO diferentes!

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