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MITO 8: “SE FAZ SUCESSO NÃO É BOM, SE DÁ LUCRO É DO DEMO...”

MITO 8: “SE FAZ SUCESSO NÃO É BOM, SE DÁ LUCRO É DO DEMO...”

Disfarçada de anticapitalismo, uma mistura de culpa católica ou ideologia romântica se esgueirou por entre os conceitos de muitas subculturas alternativas. É o arquétipo romântico de herói bom e puro ou artista que expressam a verdade de suas almas em obras com aura (outro resquício religioso) em uma luta sem fim contra o mundo mau e materialista do dinheiro que impede a realização da verdade e liberdade... é o mito do poeta genial morre pobre e incompreendido! Principalmente quando nem consegue publicar nada... esse é o mais “genial” !!! Nessa lógica invertida, o fracasso é vestido como um confortável estandarte da pureza e autenticidade artística.

Porém, isso é algo sem base na realidade em um mundo pós-Warhol, pós-Bowie e pós WEB... ou mesmo pós-Wilde. Se esse discurso podia fazer algum sentido até certa altura do século passado, quando a massificação e alto custo dos meios de reprodução cultural realmente eram uma barreira objetiva a diversidade de produção artística e cultural, nas últimas décadas as coisas mudaram radicalmente.

No mundo pós internet, mesmo o artista com opções estéticas mais singulares pode encontrar pulverizado pelo país ou mundo pessoas que se identifiquem com suas obras, viabilizando economicamente sua liberdade artística. Também os meios de produção e divulgação de suas obras teve um enorme redução de custos, aumentando ainda mais a liberdade artística.


Pelo mundo, a antiga e diluída lógica do DIY tem sido substituída pela nova lógica do DIT (“do it together”, fazer junto) em que micro mídia e micro comércio de mini selos, mini editoras, mini lojas, micro mídia e micro comércio aproximam artista e público alternativo, permitindo a tão sonhada liberdade artística junto com independência econômica. É só uma questão de tempo isso se tornar comum no Brasil também.


No mito 2 já comentamos como a questão da quantidade de pessoas que acessam não importar para definir se algo é alternativo ou subcultural. Comentamos mais disso no mito 3 e no livro Happy House 2, especialmente no capítulo “O Colapso do Capital Subcultural como instrumento de Poder”. (baixe gratuitamente aqui )


Com os níveis de liberdade artística permitidos pela realidade de nosso século, o discurso de artista que não se viabiliza economicamente porque é incompreendido socialmente não faz mais sentido. Se o indivíduo tiver um conceito artístico e usar os recursos disponíveis a todos, até as coisas mais “estranhas” podem ser possíveis e viáveis.

Restam como possibilidades de obstáculos apenas a culpa romântica, ideologia romântica que se liga ao que já comentamos nos outros mitos como instrumentos de elitismo e fracassismo. VOLTAR PARA O TEXTO "10 MITOS QUE PREJUDICAM A CENA GÓTICA BRASILEIRA"

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